Fundamentals of Education for the 3rd Millennium
RESUMO
É muito importante perceber que a educação não é realizada tanto no nível intelectual, mas nos chamados extratos profundos da personalidade (nos sentimentos, sensações e instintos). Não é o que se diz que irá desenvolver a criança, mas a conduta interna (ligada à vontade) que se revela (sem falar), que ela capta inteiramente. O mundo das intenções é o fundamental. Portanto, a educação não é realizada com a palavra, mas com o exemplo.
Palavras-Chave: Educação Infantil, Terapia, Psicopatologia, Conscientização, Psicanálise Integral.
ABSTRACT
It is very important to realize that education is not carried out so much on an intellectual level, but in the so-called deep layers of the personality (in feelings, sensations and instincts).
It is not what is said that will develop the child, but the internal conduct (linked to the will) that reveals itself (without speaking), which the child fully grasps. The world of intentions is fundamental. Therefore, education is not carried out with words, but with examples.
Keywords: Early Childhood Education, Therapy, Psychopathology, Conscientization, Integral Psychoanalysis.
Texto
A criança é um ser neurótico desde o nascimento, que precisa ser bem orientada para que se desenvolva normalmente. Não seria tanto como Melanie Klein falou, que ela passaria por uma fase esquizoparanoide e depois por outra maníaco-depressiva (1º ano de vida); mas sem dúvida ela já nasce invertida, com problemas de inveja e depois a patologia da sociedade agrava mais ainda sua condição — podendo levá-la à psicose. Posso dizer que a neurose infantil, acrescida à patologia social, resulta na psicose. Por este motivo, o papel fundamental da educação seria o de realizar a terapia; tal conduta deveria ser feita principalmente pelos pais (se estes fossem sãos).
Pela observação das crianças é fácil notar que elas apresentam os 3 tipos de conduta tradicionais da psicanálise: oral, anal e genital. A primeira desde o nascimento até os 2 anos; a segunda dos 2 até os 4; e a terceira dos 4 até os 6 anos de idade. Dos 6 até a adolescência (12 anos) advém um claro período de intelectualização, que determinará o comportamento futuro da pessoa.
Posso dizer que a fixação nos 3 primeiros períodos determinará a conduta neurótico-psicótica do indivíduo — que poderá inclusive ser superada, ingressando pelo caminho da anulação dos instintos iniciais.
Idade (anos) | Período |
---|---|
0 – 2 | oral, ou maníaco-depressivo |
2 – 4 | anal-sádico, ou esquizoparanoico |
4 – 6 | Genital: no sentido maníaco-depressivo ou no sentido esquizoparanoico |
6 – 12 | afetivo-intelectual |
Se o ser humano “renunciar” seu: oralismo, sadismo, genitalismo, alcançará uma existência superior, ou seja, afetivo-intelectual, que determinará seu modo de ser durante toda a vida.
Existe uma peculiaridade durante o período afetivo-intelectual (6 — 12 anos): se o indivíduo não superar o princípio de prazer: oral, sádico, ou genital, assumirá uma conduta
mais instintivo-intelectual perante a existência e isso é a neurose ou psicose.
Se pelo contrário, aceitou as frustrações: orais, sádicas (anais), ou as genitais terá possibilidade de chegar a um enorme desenvolvimento, no qual as emoções e o pensamento farão um dialetismo perfeito.
Estou mostrando que a pessoa intelectualizada é aquela que não conseguiu sair de seu período infantil (de 0 a 6 anos), pois não sabe dosar seu pensamento com a emoção. Pelo que o leitor está vendo, o sentimento se caracteriza pela habilidade em submeter os impulsos instintivos ao afeto (amor).
Provavelmente, o maior de todos os erros da psicanálise tradicional e da Psicologia Moderna foi o de confundir instinto com sentimento, pois sexo em si nada tem a ver com amor. E para que haja a verdadeira emoção, o ser humano tem de ser honesto para com o seu intelecto.
Acredito que o ambiente praticamente determinará a futura conduta do indivíduo a partir dos 6 anos de idade, no sentido de levá-lo: ou a aceitar as frustrações, ou de permanecer nos instintos, por causa do grau de inversão da família, ou da sociedade.
Se os pais e demais membros forem muito doentes, a criança ficará fixada na conduta: oral, instintiva anal, ou genital.
É muito importante perceber que a educação não é realizada tanto no nível intelectual, mas nos chamados extratos profundos da personalidade (nos sentimentos, sensações e instintos). Não é o que se diz que irá desenvolver a criança, mas a conduta interna (ligada à vontade) que se revela (sem falar), que ela capta inteiramente; posso afirmar que o mundo das intenções é o fundamental.
O eu (ego) está em contato imediato com as más intenções, sendo a sua manifestação direta; se o adulto não der o exemplo de que tal comportamento não deverá ser usado, a criança o imitará tornando-se igual a ele — é por este motivo que se fala: “tal pai, tal filho”. Portanto, a educação não é realizada com a palavra, mas com o exemplo.
A história da enfermidade humana é a história da inversão; o cliente A.P. sonhou que viu dois cachorros perigosos, mas que não fizeram nada contra ele. Vendo tal atitude, colocou a sua mão dentro da boca dos cães e os obrigava a mordê-lo. Associou os cachorros à morte e o fato de colocar a mão em sua boca, ao trabalho. Interpretação: o cliente vê o trabalho como sendo a morte; quando vai fazer alguma coisa tenta criar problemas, para dizer que é prejudicado pelo trabalho; associou a sua conduta no sonho de obrigar os cachorros a mordê-lo aos conflitos que cria, para poder dizer que a atividade é que o prejudica — e por causa desta desonestidade é que adoeceu.
É muito importante entender o que a criança pretende falar; não é só o adulto que tem muito a ensinar, mas o ser humano desde pequeno possui mensagens incríveis para transmitir — pois ele está em contato mais direto com a verdade.
Se a pessoa não deseja perceber o que existe de bom, não notará qualquer coisa de mal; a captação do erro é proveniente da aceitação do que é certo — caso contrário, não haverá dado de comparação entre o que é o bem e o que é o mal. Se a vista for fraca, a pessoa não enxerga; se a consciência não for boa, não poderá captar coisa alguma; o que é bom é que levará o ser humano: 1º a ver o que é ruim; 2º para depois realizar o bem.
Autor
Norberto da Rocha Keppe
1 Psicanalista, Filósofo, Pedagogo, Cientista Social, Pesquisador independente de Energética (Nova Física), Escritor, Fundador e Presidente da SITA – Sociedade Internacional de Trilogia Analítica
(Psicanálise Integral). Integrou as áreas da ciência, filosofia e espiritualidade, criando um novo campo chamado de Trilogia Analítica (psicossociopatologia). Criador da Tecnologia de motores
ressonantes Keppe Motor. Doutor Honoris Causa.
BIBLIOGRAFIA
Extrato do livro Sociopatologia, 2ª edição, Proton Editora, págs. 237 a 240, 2002
Vol. 34 n. 43 (2024)