Socioeconomic foundation of the trilogical company
São Paulo, 2016
Palavras-chaves: Empresa Trilógica, Igualdade, Desenvolvimento, Sucesso
RESUMO
A Empresa Trilógica tem por objetivo transformar a sociedade de maneira mais justa e igualitária, de modo que todos possam ser beneficiados da mesma forma. Trata-se de um processo evolutivo em que a Empresa Trilógica tem concorrido e ganho espaço pela sua maior produtividade e justiça quando comparada às empresas ditas tradicionais, caracterizadas pela hierarquia. Ao mesmo tempo em que promove a livre iniciativa, a Empresa Trilógica luta pelo fim da exploração e da especulação.
ABSTRACT
The Trilogical Company aims to transform the society,making it more just and equal. In this way everybody can benefit in the same way. It is an evolutionary process in which the Trilogical Company has been more competitive and gained space due to its greater productivity and fairness when compared to so-called traditional companies, characterized by hierarchy. At the same time as promoting free enterprise, the Trilogical Company fights for the end of exploration and speculation.
Keywords: Trilogical Company, Equality, Development, Success.
INTRODUÇÃO
A Empresa Trilógica encontra-se fundamentada no livro “A Libertação dos Povos”, de Norberto R. Keppe (1987).
Dentre as passagens existentes no livro, o trecho do capítulo intitulado “Convocação”, colocado a seguir é muito interessante:
Convocamos todos os indivíduos práticos, todos os que têm idealismo e dinamismo, os que acreditam no bem, na verdade e no belo, para que se unam, para que possam construir um
novo mundo, uma sociedade de justiça sobre a Terra, a fim de que consigamos trabalhar para nós mesmos e desfrutar o que o Criador nos legou, e até agora nos foi privado, pelos que detiveram o poder econômico em suas mãos. Chegamos a um tempo decisivo, no qual não é possível mais continuar alimentando os indivíduos mal-intencionados, que se apoderaram do planeta, organizando uma ordem social só para eles – dando-nos algumas migalhas, quando sua situação periclita, ou eles são obrigados a fazê-lo (KEPPE, 1987, p. 56).
Em outras palavras, o mencionado autor quer dizer que a propriedade privada, nas dimensões em que existe, é um erro. O planeta foi criado para todos os seres humanos e não para um grupo, que os explora e lesa, impedindo que todos tenham o seu quinhão.
O ser humano não nasceu para ser escravo do dinheiro, mas para exercer uma atividade em benefício de toda coletividade, e para ele mesmo, como decorrência.
Para tanto, há necessidade que os indivíduos tenham consciência de que as instituições foram criadas para beneficiar apenas pequenos grupos, explora os seres humanos, ao mesmo tempo em que os impede de se desenvolver.
As famílias devem servir e não usar a sociedade para fornecer-lhes todas as vantagens, como acontece com os grupos poderosos economicamente.
A maior parte dos que estão no poder não tem consciência de como são opressores e inimigos do ser humano: capitalistas, empresários, e/ou religiosos, não têm ideia de que navegam em um barco errado – deve-se mostrar-lhes seu engano, nesse contexto, de forma a evitar que tais fatos continuem acontecendo; com base nos ensinamentos de Keppe (1987) propõe- se os seguintes princípios:
– Todas as organizações econômicas devem pertencer a todos os que trabalham nela, de modo que a empresa seja de todos e para todos.
– Cada um deve ter o direito de ganhar conforme o valor de seu trabalho, e não de acordo com o capital que possui na organização.
– A eliminação gradativa das grandes propriedades privadas, como único meio de se ter paz entre os homens, e uma vida sem angústia é imprescindível, de maneira que todos tenham suas propriedades menores.
Além disso, para a realização desses objetivos faz-se necessário que o povo se una com o plano de ação, de modo a motivar:
– A formação de grupos de pessoas, para estudar a questão da escravização do povo, sob o poder econômico-social.
– A difusão desse assunto a toda a sociedade, principalmente às organizações e aos líderes sociais.
– A formação de empresas trilógicas, isto é, de indústria, de comércio, e de produção agrícola, com a finalidade de fornecer lucro aos que trabalhem nelas.
– A organização de sociedades trilógicas, ou melhor, de um tipo de vida comunitária, mais moderna, prática e econômica.
Em outras palavras deve-se dar início a esse trabalho pelos setores que mais exploram a população, ou seja, pelo comércio e negócios, de maneira que seja possível estabelecer uma ponte justa com os agricultores e os industriais.
Desse modo, à medida que as empresas trilógicas forem sendo suficientes para atender às necessidades do país, caberá ao povo boicotar todas as outras organizações que o exploram.
Vigiar constantemente os políticos que estão relacionados aos poderes econômicos e, para que não coloquem seus interesses acima dos altos ideais da nação é outro ponto de grande importância.
Incentivar todos os indivíduos bem intencionados e os verdadeiros líderes, no que tange a agir, podem auxiliar o país a atingir o grande ideal de igualdade e liberdade para todos.
É importante frisar que os dois terços da população, formada por pessoas normais, produtivas e idealistas deve estar presente neste tipo de ação, pois, como menciona Keppe (1987, p. 61) “em poucos anos se transformará toda a face da Terra”.
2.1. HISTÓRICO
As Empresas Trilógicas datam de 1986. Surgiram pela primeira vez em Nova Iorque, nos EUA e, em São Paulo, no Brasil, graças aos esforços e idealismo do cientista austríaco-brasileiro Norberto Keppe, que trouxe um novo conceito de trabalho e de negócios, após mais de 30 anos da experiência em psicossocioterapia tanto em sua clínica particular, quanto no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde fundou o Departamento de Medicina Psicossomática.
Desde o início de suas atividades, quando concebeu o Instituto de Psicologia Aplicada, Keppe teve um enorme interesse na área do trabalho, tendo prestado consultoria para cerca de 200 empresas no Brasil. Na ocasião, trabalhava na área de administração no Hospital das Clínicas e ministrava aulas de Psicopedagogia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Porém, como já mencionado anteriormente, esse novo conceito foi criado nos EUA.
Na época em que morava em Nova Iorque, Keppe foi convidado a clinicar e dar palestras. Vários de seus colaboradores decidiram segui-lo para divulgar o trabalho da Trilogia sendo que, para tanto, se mudaram para Nova Iorque de modo que fosse possível trabalhar em empresas de diversos ramos. Dr Keppe aliou o trabalho que faziam à sua experiência empresarial e propôs que um grupo de colaboradores abrisse a sua própria empresa, pois seriam independentes e ganhariam muito mais.
A primeira empresa trilógica que surgiu em Nova Iorque tratava-se de uma companhia de mudança, – a Speed Trucking Company. Contando com 4 sócios e um capital inicial de 800 dólares (200 de cada), eles compraram uma van usada para dirigir nos dias de folga. Na época, eram empregados de companhias de mudança nova-iorquinas que tinham somente seus days off (dois dias de descanso por semana) para trabalhar em sua própria empresa trilógica.
Assim, enquanto um tirava as segundas e terças-feiras para descanso, outro ficava com as quartas e quintas, outro com as sextas e sábados, e outro com os domingos. Portanto, durante a semana inteira sempre havia alguém trabalhando nessa empresa trilógica iniciante. Mesmo sem secretária ou recepcionista, pois o telefone de contato era de uma das residências em que um deles morava, na fase inicial, os quatro sócios juntos começaram a receber cerca de 3,600.00 dólares por mês. Dezoito meses mais tarde, a Speed já possuía nove vans, três vans reservas, um caminhão de mudanças, uma van especial e diversas motos e bicicletas. Nesse momento, contava com 120 clientes de forma regular para o serviço de mensageiro (courrier) e uma receita que ultrapassava os 40,000.00 dólares por mês, com 13 sócios trabalhando em tempo integral. Rapidamente, outras empresas foram criadas em Nova Iorque e em São Paulo, sendo que em todas foi observado similar êxito. As companhias criadas em Nova Iorque nessa época foram:
– Brazilian Restaurant;
– Trilogical Carpentry;
– Trilogical Floor Sanding;
– Trilogical Printing & Graphic Design;
– Three Hands Cleaning Company;
– Trilogical Language Center;
– General Contracting;
– Trilogical Wall Papering;
– Trilogical Speed Trucking Inc.;
– Creative Fashion;
– Hair & Beauty Salon;
– Trilogical Promotion;
– Travel Agency.
É importante notar que essas empresas localizadas inicialmente em um basement (porão) na 23th Street, do lado leste de Nova Iorque em menos de um ano se mudaram para o primeiro andar de um edifício na esquina da Broadway com a 110th Street e ali formaram pela primeira vez o que viria a ser conhecido como – ninho de empresas.
Tratavam-se de empresas autônomas com próprio grupo de trabalhadores e coordenador, mas interdependentes entre si. Por exemplo, as despesas de secretária, locação de imóvel, telefonia, luz, água, entre outros, eram divididas entre todas as empresas de acordo com o faturamento de cada uma em relação ao geral do grupo. Isso possibilitava que as empresas iniciantes, pouco lucrativas, pudessem ser ajudadas pelas outras, até conseguirem um bom patamar de lucros e, desta forma, contribuir mais e desonerar as empresas mais antigas.
O serviço de atendimento telefônico, recepção e secretaria de todas essas empresas era centralizada numa única empresa trilógica autônoma própria, especializada nesse tipo de atividade, que prestava serviço a todas as outras, recebendo seu pagamento dividido por todas elas.
Para a promoção das empresas, alma de toda a atividade das companhias trilógicas, foi formado um grupo especializado para a colocação de cartazes e distribuição de folhetos (flyers), cabendo a uma empresa independente, prestar serviço de promoção a todas as outras e, por conseguinte, receber o seu pagamento de cada uma delas.
Reuniões semanais entre todos os sócios de todas as empresas (cerca de 100 pessoas naquele momento) com o criador e orientador do modelo empresarial trilógico, Norberto Keppe, eram realizadas de modo que este podia fornecer as orientações necessárias para solucionar os mais difíceis e múltiplos problemas da área empresarial, tais como, promoção, atendimento, produção, melhoria de qualidade, atrito entre sócios, gerência, falta de pagamento de clientes, cobrança etc. Eram reuniões muito ricas, pela grande variedade de sugestões advindas da heterogeneidade do grupo e das atividades. Em São Paulo, na época, foram formadas as seguintes empresas: Trilógica Supermercado; Roupas Infantis; entre outras.
Convém mencionar que um grande número de empresas (de diversos tipos) foi formado com base nesse modelo, mesmo que essas empresas não estivessem diretamente credenciadas e afiliadas à Associação Keppe & Pacheco. Contudo, elas se inspiraram no modelo de Empresa Trilógica (com algumas adaptações feitas pelos sócios para adequarem às suas comodidades), formando-se escritórios de advocacia, escolas, comércios, pequenas indústrias, grupos de artesãos, entre outros, sendo que, até hoje, mais de 40 empresas foram criadas com sucesso em diversos países, dentre eles: Suécia, Inglaterra, França, Finlândia, Portugal, Estados Unidos e Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIES, M. How can you play the Global Money Game. U.S. News & World Report. n. 77, Washington, DC, May 11, 1987, p. 4-5.
KEPPE, N. Escravidão e liberdade. São Paulo: Próton Editora, 2011, 130p.
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KEPPE, N. Trabalho & capital. 1ª ed. São Paulo: Próton Editora, 1990, 400p.
KEPPE, N. A libertação dos povos: a patologia do poder. 2ª ed. São Paulo: Próton Editora; 1987, 290p.
MICHOUD, J. Traité de Ia personnalité morale. In: COMES, O. Introdução ao Direito Civil – das pessoas jurídicas. São Paulo: Editora Forense, 1977.
PACHECO, C. O abc da trilogia analítica: psicanálise integral. 6ª ed. São Paulo: Proton Editora; 2003, 152p.
Notas
1 Bacharel em Administração de Empresas, formado em Língua e Cultura Italianas, em Serviços Jurídicos e Notariais e em Teologia. Pérsio possui especialização em Tradução (inglês, francês e italiano) e em Psico-sócio-terapia. É sócio e professor na Escola Millennium de Línguas e na Angélico & Burkinski consultoria jurídica. É tradutor juramentado nas línguas, inglês e italiano.
Extrato do livro Empreendedorismo Trilógico – págs. 19*24